Nordestinos são os mais preocupados com a questão, com 14%. Salário médio da região ainda fica bem abaixo da média nacional.
Emprego e salário são a quarta maior preocupação dos brasileiros
O Jornal Nacional está apresentando nesta semana reportagens especiais sobre as maiores preocupações dos brasileiros, segundo uma pesquisa exclusiva do Ibope. Emprego e salário ficaram em 4º lugar.
As chuvas do inverno nordestino salvaram mais um ano na vida difícil de Maria e Ducival: “Na roça, é aventurando, é um jogo. Se faltar chuva, não tem. Aí acaba tudo”, disse Ducival.
Mesmo em Poço Verde, interior de Sergipe, que é um importante produtor de alimento, como milho, feijão e leite, as famílias enfrentam uma dificuldade econômica típica da pequena propriedade: tem dia que tem dinheiro, tem dia que não. Todos sonham com uma renda que não precisa ser grande, mas que seja constante.
A pesquisa do Ibope, encomendada pelo Jornal Nacional, ajuda a explicar esse desejo. Os nordestinos são os brasileiros mais preocupados com emprego e salário, com 14%. O Sudeste ficou em segundo lugar, com 9%, seguida pelo Norte-Centro-Oeste e pelo Sul, ambos com 8%.
Em Frei Paulo, no interior de Sergipe, os moradores começaram a perceber uma mudança com a chegada de uma fábrica de sapatos cinco anos atrás. Um exército de operários foi convocado, 2 mil dos 13 mil habitantes da cidade.
Entre eles, Alexsandra, que conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada há quatro anos. Com o dinheiro certo, todo mês, comprou casa e ajeitou a vida: “Meus filhos estão em escola particular. Hoje em dia, eu consegui comprar armário, televisão, essas coisas”, disse.
“Tudo o que sentia vontade antes, que a gente não tinha, hoje a gente está procurando ter”, falou o marido de Alexsandra, Ozival de Oliveira.
O número de empregados com carteira assinada no país diminuiu entre 1992 e 1998, mas cresceu uma década depois. Segundo o IBGE, esse número aumentou de 57,7% para 59,3%. O Nordeste tem a menor proporção de trabalhadores formais.
Raquel, por exemplo, é pedagoga, mas se vira como vendedora ambulante em Aracaju: “Muito grande a dificuldade. Então estou batalhando, mas ainda não consegui o emprego”, disse.
Na mesma praça, Kelly, que se formou em administração de empresas, se sustenta fazendo tapioca: “Aqui eu pago meu INSS, eu tenho meu salário pró-labore, então eu me mantenho disso, então pra mim isso aqui é um emprego”, falou.
Sem diploma, a situação de Maria é ainda mais difícil. Ela planta milho e cria cabra no interior de Sergipe. Uma nordestina que também aponta emprego e salário como as maiores preocupações, e que espera crescer com o trabalho. “Ser grande criadora de caprinos e ovinos e uma grande agricultora. E dizer assim: eu venci com isso. Digo que só paro de sonhar quando me aposentar”, brincou.
(Fonte: Jornal Nacional)
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