No dia de natal, Mariazinha batia o pé, chorosa. Queria a boneca grande, queria! A mãe, preocupada, tentava explicar-lhe porque não podia atender-lhe. Mas a menina desentendia qualquer raciocínio. Apesar da condição modesta, a mãe conseguira comprar-lhe um vestido novo e uma boneca pequena, mas graciosa. Entretanto a menina não ficara feliz.
Via a menina rica da esquina, cercada de luxo e presentes caros, bonecas suntuosas. Não compreendia por que ela não podia ter o mesmo. Julgava que a mãe não lhe queria dar.
"Minha filha! Compreenda que temos o bastante, somos felizes! JESUS ficará triste se você for vaidosa e a inveja agasalhar-se no seu coração".
"JESUS não gosta de mim", dizia ela a chorar. "Por que dá tudo às outras e a mim só isso? A senhora não diz que ele é justo e bondoso?"
"É DEUS é bom pai e colocou cada um onde precisava estar para aprender a viver feliz! Não nos deu dinheiro porque somos muito vaidosos e o dinheiro nos faria mal. Entenda filha, é para o nosso bem!"
A menina calou-se pensativa, mas com a revolta estampada na face. Apanhou a boneca modesta olhando-a com evidente desgosto. A campainha da porta soou. Seria seu pai com algum presente? Correu abrir, e estacou surpresa. Uma mulher muito pobre junto com uma menina pequena estendia a mão suplicante. A dona da casa correu buscar alimento.
A menina recém vinda olhava maravilhada para a outra, seus olhinhos brilhantes iam do vestido novo à boneca. Mariazinha sentiu-se repentinamente rica. "Posso ver?", indagou a menina. "É a boneca mais linda que já vi!"
"Você tem uma igual?"
"Não. Mas mamãe diz que quando eu crescer, vou ter uma boneca de verdade, que fala, que anda, que chora e ri. DEUS vai me dar uma, que será mais bonita do que as bonecas mortas que tem por aí."
Elas se foram, e Mariazinha perguntou à mãe: "DEUS também vai me dar uma boneca de verdade quando eu crescer?"
"Vai sim, se você merecer."
"E para a menina da esquina?"
"Sim, se ela for boazinha".
"Então mamãe, DEUS é justo mesmo! Porque se os pais da Terra dão para as filhas as bonecas que podem, DEUS dá pra todas meninas bonecas iguais!" Sorriu feliz!
Versão adaptada e resumida
do conto de Gustavo Barroso.
(Enviado: Flavio Pereira)
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