sábado, 21 de agosto de 2010

ADUSTINA: AGRICULTOR REAGE COM INTELIGÊNCIA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Depois de colaborarem com projeção do nome do município em rede nacional, há alguns anos, como “a terra do feijão”, os agricultores de Adustina – um pequeno município de 15 mil habitantes localizado no nordeste baiano – têm acompanhado de forma bastante inteligente as grandes mudanças climáticas visíveis na região neste início de século, sobretudo no que diz respeito à agricultura.

As mudanças climáticas globais se fazem mais perceptíveis às pessoas comuns do sertão em dois aspectos: a maior intensidade do período de estiagem, no verão, e a maior incidência de chuvas e frio no período do inverno. É nessa última que se percebe a adaptação inteligente do homem do campo. Sabedora de que o cultivo do feijão é incompatível com o clima frio e muito chuvoso que tem se instaurado na atualidade, a grande maioria dos agricultores tem adotado o cultivo de outro produto: o milho. O feijão tem se tornado um produto agrícola quase que somente voltada à subsistência.

Nos últimos anos, a produção do milho tem alcançado uma alta produtividade, chegando à marca de 120 sacas por hectare e, pelo menos na expectativa dos produtores agrícolas, a safra de 2010 deverá ser recorde. Agricultores afirmam nunca terem presenciado inverno tão rigoroso quanto este. A chuva, fator natural indispensável para a agricultura na região, já que a irrigação não é o seu forte, tem sido a principal causa para o otimismo. As primeiras chuvas, em maio, impulsionaram o plantio e intensificaram-se em junho e julho. Nesses dois meses, o sol pouco apareceu. Mesmo agora, já no final do mês de agosto, o tempo ainda não levantou.

Uma possível explicação para este novo clima instaurado na região se deve à posição geográfica. Localizada a uma distância razoável do litoral – aproximadamente 150 Km é a distância para a praia – a região encontra-se numa área segura em relação às terríveis catástrofes que têm assolado o litoral nesses tempos de efeitos do aquecimento global, e é sempre beneficiada pelas abundantes chuvas que raramente falham nos meses de junho, julho e agosto. Ocorre que no inverno, o litoral é acometido por situações meteorológicas que intensificam as chuvas, muitas vezes chegando a causar estragos como os que ocorreram em Alagoas e Pernambuco este ano. Essa região da Bahia, a uma distância segura do litoral, como já fora mencionado, fica livre das chuvas torrenciais, porém incidi sobre ela uma temporada de chuvas constantes, porém, menos agressivas, o que torna o clima altamente favorável ao cultivo do milho.

Aliado à mudança climática, o agricultor dispõe ainda do avanço da tecnologia agrícola. O plantio de sementes híbridas, e inclusive, transgênicas, tem se tornado uma constante na região, bem como, a intensiva adubação química e o uso de agrotóxicos em combate a ervas daninha e pragas, apesar dos perigos à saúde muitas vezes ignorados. Em suma, pode-se dizer que a grande incidência de chuva, as sementes selecionadas, a adubação e o uso de agrotóxicos têm sido os responsáveis pelo novo retrato agrícola da região e pela alta produtividade.

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