Depois de colaborarem com projeção do nome do município em rede nacional, há alguns anos, como “a terra do feijão”, os agricultores de Adustina – um pequeno município de 15 mil habitantes localizado no nordeste baiano – têm acompanhado de forma bastante inteligente as grandes mudanças climáticas visíveis na região neste início de século, sobretudo no que diz respeito à agricultura.
As mudanças climáticas globais se fazem mais perceptíveis às pessoas comuns do sertão em dois aspectos: a maior intensidade do período de estiagem, no verão, e a maior incidência de chuvas e frio no período do inverno. É nessa última que se percebe a adaptação inteligente do homem do campo. Sabedora de que o cultivo do feijão é incompatível com o clima frio e muito chuvoso que tem se instaurado na atualidade, a grande maioria dos agricultores tem adotado o cultivo de outro produto: o milho. O feijão tem se tornado um produto agrícola quase que somente voltada à subsistência.
Nos últimos anos, a produção do milho tem alcançado uma alta produtividade, chegando à marca de 120 sacas por hectare e, pelo menos na expectativa dos produtores agrícolas, a safra de 2010 deverá ser recorde. Agricultores afirmam nunca terem presenciado inverno tão rigoroso quanto este. A chuva, fator natural indispensável para a agricultura na região, já que a irrigação não é o seu forte, tem sido a principal causa para o otimismo. As primeiras chuvas, em maio, impulsionaram o plantio e intensificaram-se em junho e julho. Nesses dois meses, o sol pouco apareceu. Mesmo agora, já no final do mês de agosto, o tempo ainda não levantou.
Uma possível explicação para este novo clima instaurado na região se deve à posição geográfica. Localizada a uma distância razoável do litoral – aproximadamente 150 Km é a distância para a praia – a região encontra-se numa área segura em relação às terríveis catástrofes que têm assolado o litoral nesses tempos de efeitos do aquecimento global, e é sempre beneficiada pelas abundantes chuvas que raramente falham nos meses de junho, julho e agosto. Ocorre que no inverno, o litoral é acometido por situações meteorológicas que intensificam as chuvas, muitas vezes chegando a causar estragos como os que ocorreram em Alagoas e Pernambuco este ano. Essa região da Bahia, a uma distância segura do litoral, como já fora mencionado, fica livre das chuvas torrenciais, porém incidi sobre ela uma temporada de chuvas constantes, porém, menos agressivas, o que torna o clima altamente favorável ao cultivo do milho.
Aliado à mudança climática, o agricultor dispõe ainda do avanço da tecnologia agrícola. O plantio de sementes híbridas, e inclusive, transgênicas, tem se tornado uma constante na região, bem como, a intensiva adubação química e o uso de agrotóxicos em combate a ervas daninha e pragas, apesar dos perigos à saúde muitas vezes ignorados. Em suma, pode-se dizer que a grande incidência de chuva, as sementes selecionadas, a adubação e o uso de agrotóxicos têm sido os responsáveis pelo novo retrato agrícola da região e pela alta produtividade.
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